Crítica: Circle (2015)

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     Recentemente indústria cinematográfica está em um problema complicado. Numa era onde temos consumidores exigentes, é muito difícil aceitar e produzir ideias novas e ousadas. Vamos ao cinema e vemos efeitos visuais incríveis, uma história que certamente agrada a todos, atores famosos etc. Minha intenção aqui está longe de diminuir esses tipos de filme, mas estou querendo dizer que a indústria está saturada demais. É sempre uma comédia romântica nova, um novo filme de realidade paralela ou novos super-heróis; mas todos eles soam parecidos. Por isso é tão difícil filmes como esse ganhar destaque quando estamos cercados de opções blockbuster. Circle foi uma aposta que deu certo, e vou explicar agora o porquê.

     Circle é um filme de suspense/terror psicológico lançado no fim de maio de 2015. Na trama, cinquenta pessoas que aparentemente não se conhecem acordam em uma sala escura, de pé em pequenos círculos próximos um dos outros com um círculo menor no centro (como podemos observar no pôster oficial, acima). Essas pessoas não se lembram de como chegaram lá, e percebem que não podem tocar umas as outras e que não podem sair do círculo. Não demora muito para os integrantes perceberam que a cada dois minutos alguém morre, e que todos tem o poder de decisão em relação a isso.

                                           

     Logo a partir desse momento (que é apenas o início do filme) o filme se torna extremamente cativante, pois é aí que todos vão se conhecendo enquanto tentam descobrir o motivo de estar naquele lugar, quem está por trás daquilo, se há uma saída e quantos vão conseguir sair. E obrigatoriamente, a cada dois minutos alguém morre, e se não houver uma escolha, ela é dada aleatoriamente. Logo, precisam decidir quem deve ser morto enquanto buscam uma solução para o problema. É aí que surge a principal pergunta: quem merece viver?

     Encontramos cinquenta pessoas completamente diferentes, com diferentes profissões, nacionalidades, idades, etnias, classificações sexuais e sociais; e isso tudo é discutido e levado em conta por todos para chegar à resposta para a pergunta.


     Assim como muita gente, eu também estava acostumado a admirar apenas filmes populares, com os mesmos atores e que em geral é aceito positivamente pela maioria das pessoas, mas sempre gostei mais daqueles que nos fazem pensar, mexem conosco e nos faz imaginar na situação proposta. Circle é um ótimo exemplo disso. É muito complicado avaliar algo quando não há entendimento completo do que foi visto ou não há uma interpretação adequada, como é possível ver a avaliação das pessoas que assistiram (cuja média varia entre 2 e 3 estrelas). Eu não culpo as pessoas, estamos acostumados com filmes que digerem completamente o assunto e dão todas as respostas no final.

     Circle não conta apenas uma história, nos faz refletir na sociedade: a forma com que humanos agem, confiam em desconhecidos e tomam decisões. E principalmente: com que base essas decisões são tomadas. Princípios políticos, religiosos, sociais? Tudo isso é discutido de uma forma tão intensa que faz com que os oitenta e sete minutos de filme sejam completamente interessantes. A trama (que ainda não possui versão dublada) possui um baixo orçamento e passa quase que inteiramente na mesma sala escura. Quando for assistir a este filme, não procure por rostos conhecidos, atuações magníficas e nem espere efeitos especiais esplêndidos ou um final revelador. A principal característica de Circle que torna cada segundo mais interessante é o roteiro, de Aaron Hann e Mario Miscione, que foi tão bem construído que supera qualquer detalhe que cause desconforto para quem está acostumado com filmes de características supra-citadas. Ignore qualquer avaliação negativa e dê uma chance a essa obra, pois é um filme simples que provavelmente vai mudar sua forma de ver as pessoas em volta (ou pelo menos de analisá-las) e está disponível no Netflix mais próximo de você.

Nota: 

Publicado por: Luccas Emanuel

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