20ª Parada do Orgulho GLBT
Foto: Cris Faga |
No último
domingo (29) aconteceu a vigésima edição da Parada do Orgulho GLBT (gays,
lésbicas, bissexuais e transgêneros) de São Paulo e é claro que a nossa equipe
não poderia perder um evento como esse. O tema deste ano foi “LEI DE IDENTIDADE
DE GÊNERO, JÁ! Todas as pessoas juntas contra a Transfobia”, a favor dos homens
e mulheres transexuais e travestis. A manifestação aconteceu entre a Avenida
Paulista e a Rua da Consolação, se iniciou às 10h e encheu todos os quarteirões
da avenida mais famosa de São Paulo com pessoas de todas as classificações
sexuais, lutando numa só voz pelo direito dessa minoria tão prejudicada
socialmente em nosso país.
Foto: André Penner |
Cerca de três
milhões de pessoas acompanharam dezessete trios elétricos (todos estampados com
a bandeira T) que preencheram o ambiente com muita música. Seguindo o tema, o
objetivo da parada foi fazer uma grande mobilização em prol da Lei de Identidade
de Gênero que defende o direito de
transexuais e travestis de usarem seu nome social em órgãos públicos do governo
federal, e buscar por um fim à transfobia em nosso país. A lei foi decretada
pela ex-presidente Dilma, e o protesto criticava a bancada evangélica do
Congresso Nacional que está tentando derrubar essa causa já alcançada. Assim
como sempre, os direitos e a visibilidade dos outros segmentos também foram
protestados, buscando acabar com a homofobia num sentido geral. É importante
ressaltar que no dia 24 de Maio, o prefeito Fernando Haddad declarou a Parada
do Orgulho GLBT como um evento cultural oficial de São Paulo, o que a inclui no
calendário oficial do município.
Assim como a
virada cultural, houve diversos protestos contra Michel Temer, que está
assumindo a presidência. Por todos os lados era possível enxergar cartazes gritando
frases como “FORA TEMER”, e alguns com duplo sentido, como “AMAR SEM TEMER” e “TEMER
JAMAIS”. Os ativistas consideram governo do presidente interino como uma ameaça
à inclusão da população GLBT, podendo haver retrocesso dos direitos
conquistados, devido à extinção da coordenação nacional LGBT e dos ministérios
das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos.
Foto: Thiago Duran e Francisco Cepeda |
O elenco da famosa série da Netflix, Sense8, estava presente em um desses trios
elétricos para a gravação de cenas de sua segunda temporada. A trama retrata
oito desconhecidos que descobrem estar conectados mental e emocionalmente entre
si, compartilhando sensações, pensamentos, experiências, habilidades e conhecimento.
Quatro destes personagens são uma DJ que vive relacionamentos abusivos, uma
empresária coreana que luta vale tudo em segredo, uma hacker transexual lésbica
e um ator mexicano gay enrustido; dá pra imaginar as diversas loucas experiências
vividas pelos personagens. Os atores atraíram diversos fãs da série, e além das
gravações, eles aproveitaram bastante a parada paulista, mostrando sempre uma
energia contagiante.
Foto: Celso Tavares |
A modelo transexual Viviany Beleboni
(que chamou muita atenção aparecendo crucificada no evento de 2015) causou
polêmica novamente com sua apresentação. Ela estava no nono trio elétrico e
usava uma linda fantasia dourada que continha uma balança, representando a
justiça. Viviany cobria o rosto com um fichário que representava a bíblia, (a
peça continha uma mordaça e notas de dólares no verso) criticando direta e
acidamente a bancada evangélica.
Essa foi
minha primeira vez na Parada do Orgulho GLBT, então não posso compará-la com a
dos anos anteriores, mas posso afirmar que tive uma experiência muito boa lá.
Diferentemente das polêmicas que são sempre evidenciadas na mídia (onde muitas
delas não são verídicas), a parada é um evento bem leve e seguro (em questão à agressão, mas em relação à roubos, aconteceram diversos casos e é necessário se atentar com isso, assim como em vários ambientes com muita circulação de gente). É claro que em qualquer lugar sempre vai haver pessoas de má índole , mas são exceções. Não
sofri e nem presenciei nenhuma cena de assédio (o que preocupou alguns amigos quando
disse que iria), pelo contrário, o respeito era predominante. Algo que me chamou
bastante atenção e me admirou foi o sentimento de liberdade das pessoas. É um momento onde
todos se sentem livres para ser quem são, independente de qualquer julgamento. É
lindo ver todas aquelas pessoas felizes, unidas, gritando por uma causa, com
orgulho de si mesmo, sem vergonha de seu corpo, de suas vestimentas ou de
qualquer coisa que o senso comum possa julgar. Dá pra sentir uma energia bem legal no lugar,
é um evento muito tranquilo, e totalmente livre. Quem quiser pode protestar,
beijar, dançar, ou fazer tudo isso. E o mais legal é que não é nada restrito à
comunidade GLBT, todos que acreditam e defendem essa causa podem participar,
porque isso que é o importante: a união das pessoas para um bem maior, se unir
para propagar o respeito, propagar o amor.
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